Sexta-Feira 13

CRÔNICA

Ele, manso como as águas turvas e densas de um riacho poluído. Ela, sonsa, dissimulada. Uma Capitu do agreste baiano, com a desvantagem de não trazer consigo a eterna dúvida que permeou a vida inteira de Bentinho, esposo da verdadeira Capitu.

Escondem-se à sombra dessas seitas protestantes que vendem Jesus no atacado e no varejo. Nenhum compromisso com o amor, o perdão, com a empresa em que trabalha e muito menos com a fé que dizem seguir.

Fixam seu QG numa determinada Corretora, usam sua estrutura, seus benefícios e depois serpenteiam pelas ruas para leiloar os resultados no jogo mesquinho do “quem dá mais”.

Costumam abandonar as Corretoras onde trabalham pela porta dos fundos, e, não por acaso, escolheram uma Sexta-Feira 13, data sinistra, que nos remete às mais bizarras personagens dos filmes de terror, para revelar as suas verdadeiras personas (não esqueçamos que persona, na psicologia Junguiana, é a personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da verdadeira. E este é o caso).

Foi numa Sexta-Feira 13, pois, que a Capitu do agreste abriu a bocarra e mostrou sua língua bifurcada recheada de peçonha. Jesus aí, nem pensar! Agora, o corpo de Capitu do agreste pertence às trevas; e as trevas prevaleceram provavelmente influenciadas pela data.

Se estivesse na empresa sob o vínculo da Consolidação das Leis Trabalhistas, Capitu do agreste teria sido sumariamente demitida por justa causa, já que esbraveja palavrões impublicáveis, chuta, quebra e arrebenta, o patrimônio da empresa que os acolhe com carinho e respeito.

Talvez, cena como esta, seja recorrente na Freguesia do Ó, e, por isso, natural para Capitu do agreste. Para os colegas presentes, entretanto, foi um espetáculo dantesco. Não para todos, claro. As trevas também atraem. E neste momento, para propagar o mal, não falta o agente da fofoca; um Office boy balzaquiano, que, a serviço das trevas, se encarrega de dar a notícia, conduzindo o ouvinte a um boteco qualquer.

E enquanto Capitu do agreste faz o seu strip-tease agredindo verbalmente o colega ao lado, seu defensor, “a verdadeira vítima”, ensaia um patético “vô num vô”, um “me solta que eu quero pegar”, para depois de solto dizer, “me segura se não eu pego”.

Seria cômico, não fosse trágico!

A dupla da baderna, liderada pela Capitu do agreste, que já havia tido seus benefícios suspensos como punição (pelo uso da estrutura da empresa para entregar produção em outra), é tudo aquilo que ninguém quer: está sempre insatisfeita, reclama, critica, fala mal, ironiza, desagrega, desestrutura.

Cuidado Corretoras! No próximo ano essa dupla pode estar na sua empresa e aí será um perigo, sobretudo se 13 de novembro de 2010 cair numa sexta feira. E, pior, se for ano bissexto.

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Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas, nomes, fatos ou acontecimentos, terá sido mera coincidência.